terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Triste Sonho - 14/12/2010

Coração de Pedra

Hoje a minha vida é um lugar de silêncio,

E eu fecho-me em mim mesmo,

Nesse lugar sem porta de entrada nem de saída.

Apenas sinto o bater do meu coração que é tão intenso e violento,

Que faz jorrar sangue incolor pelos meus olhos que se chamam lágrimas.

Permaneço sentado no chão com a cabeça entre os joelhos.

Cada batida do meu coração inflige uma dor que ocupa cada espaço vazio do meu corpo

Que me limita o respirar como numa gélida manhã de Inverno.

Poderia gritar, esbracejar e golpear a minha carne,

Mas a minha natureza não me permite,

Por isso permaneço num triste e doloroso silêncio

E invejosamente suporto a dor que me sai do peito e parece cuspir fogo.

Queria tanto ter um coração de pedra….

Um coração blindado e impenetrável.

Um coração que não sente e não pensa,

Pois os pensamentos do coração são apenas dúvidas e adivinhas sem resposta.

Apenas estou limitado a um coração de carne,

Um coração que jorra sangue como fosse lava incandescente

E bombeia todo esta amargura a cada milímetro do meu corpo,

Que me leva ao desespero e me tenta levar à loucura.

Fechado num mundo que é só meu

Estrondosamente o meu coração continua a bater sem parar,

E o meu corpo silenciosamente grita de agonia…

Não tenho um coração de pedra,

Apenas tenho um coração,

Um coração que sente, que pensa e tem vida…

Um coração que me faz viver, mas um coração que me faz sofrer…

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Triste Sonho - 10/06/2010

Existência


Sou um vagabundo das letras, um sem-abrigo dos sonhos,

Durmo sobre os meus pensamentos, acordo moribundo

E lavo a cara com as minhas lágrimas.

Estou cansado de contar as estrelas no céu

E de fazer vénia na rua da compreensão humana.

Não sou como gostaria de ser, nem o idealizar de ninguém,

Apenas sou o mais próximo do que gostaria de ser.

Tento caminhar descalço pelas ruas do conhecimento

Acompanhado de um bailado de sombras inanimadas

E carregando dolorosamente a solidão.

Essa mesma solidão que inspira poetas, cria artistas e anima o génio,

Como dizia Henri Lacordaire,

Mas é a mesma que se alimenta da nossa alma,

Que se apodera das nossas entranhas e nos torna pobres de espírito.

As lágrimas que me caem do rosto

Fazem me lembrar o quanto vivo estou

Mas já nem chorar me traz consolo,

E a certo momento uma triste depressão é que me alegra.

Apenas queria ser donos dos meus dias,

Poder ir para onde mora a poesia

E encontrar o significado da minha existência.

Porque há várias formas para definir a nossa frágil existência,

Muitas formas para lhe dar significado,

Mas são as nossas memórias que moldam o seu propósito

E lhe dão significado,

Através de uma selecção privada de imagens e sentimentos

E a partir daí, sozinhos definimos a importância de cada um de nós

Construindo as nossas histórias originais, uma memória de cada vez.


By: Eric Pereira