Existência
Sou um vagabundo das letras, um sem-abrigo dos sonhos,
Durmo sobre os meus pensamentos, acordo moribundo
E lavo a cara com as minhas lágrimas.
Estou cansado de contar as estrelas no céu
E de fazer vénia na rua da compreensão humana.
Não sou como gostaria de ser, nem o idealizar de ninguém,
Apenas sou o mais próximo do que gostaria de ser.
Tento caminhar descalço pelas ruas do conhecimento
Acompanhado de um bailado de sombras inanimadas
E carregando dolorosamente a solidão.
Essa mesma solidão que inspira poetas, cria artistas e anima o génio,
Como dizia Henri Lacordaire,
Mas é a mesma que se alimenta da nossa alma,
Que se apodera das nossas entranhas e nos torna pobres de espírito.
As lágrimas que me caem do rosto
Fazem me lembrar o quanto vivo estou
Mas já nem chorar me traz consolo,
E a certo momento uma triste depressão é que me alegra.
Apenas queria ser donos dos meus dias,
Poder ir para onde mora a poesia
E encontrar o significado da minha existência.
Porque há várias formas para definir a nossa frágil existência,
Muitas formas para lhe dar significado,
Mas são as nossas memórias que moldam o seu propósito
E lhe dão significado,
Através de uma selecção privada de imagens e sentimentos
E a partir daí, sozinhos definimos a importância de cada um de nós
Construindo as nossas histórias originais, uma memória de cada vez.
By: Eric Pereira